quinta-feira, 19 de novembro de 2009

tous les dimanches

O que seria do jazz se não fosse improvisado?

Ensaiar uma partitura de jazz seria como ensaiar um sorriso espontâneo ou um baque de emoção no coração perante uma paisagem bonita.

Mas como tudo é possível, lá fui assistir a um ensaio de improvisos: uma tuba, dois sax's, um trompete e um trombone, numa adaptação de uma composição escrita, inicialmente, para um trio de cordas e um sax.

O compositor, também artista plástico, escritor, actor, enfim, tudo-em-um (ou, melhor, one man show), queria fazer da abertura da sua exposição um autêntico happening. Mas os músicos disponíveis não foram na conversa. Queriam pautas! Queriam poder estudar tudo minuciosamente! Queriam ensaiar!

O artista em questão, Loran, que é uma pessoa algo virtual para as outras, porque fala meio francês meio português carioca, não teve outra hipótese se não passar dias e dias a escrever as partituras de uma música que ele queria apenas encontrar no meio dos seus quadros e nas ruas da cidade, não necessariamente por essa ordem.

VISÃO DA RUA, Rio-Paris é o nome do seu trabalho este ano. Paris a p&b e soturno, Rio (obviamente) a cores garridas e cheio de curvas balanceando nas ancas das morenas.

O seu traço é rápido e efémero. Em poucas linhas nos dá a conhecer o esboço do movimento das pessoas na rua. É como os seus textos e a sua música. Sempre em movimento. Um jazz calha sempre bem nestas ocasiões...

Felizmente, o improviso não se perde totalmente no ensaio. Surgem anotações, dúvidas, pequenas modificações. Pequenos ajustes que tornaram tudo sincronizado.

O ensaio continua pela noite dentro, falta apenas o cenário dos anos 50...

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