segunda-feira, 23 de novembro de 2009

petiscos no final do dia

Os dias aqui estão insuportavelmente quentes. 39º, 40º, 42º... a praia mais próxima fica a 2h30. a cachoeira «aqui do lado» fica a 1h30. Perto, muito perto, de facto. O problema é colocar o pé na rua e apanhar um ônibus até lá.

E, estupidamente, o local mais agradável para estar num dia quente em VR é o shopping. Porque tem ar condicionado. E sucos de fruta deliciosos: abacaxi com hortelã e gengibre, morango com melancia, limão e tamarindo, sei lá. Bom demais.

Depois, à noite, vem a chuva. A abençoada chuva para trazer uma refrescada para o corpo e o cérebro. Começo a perceber porque a vida aqui é tão lenta... está tanto calor que nem os neurónios se conseguem movimentar. E estes míseros 40 graus não são como em Portugal. São mais quentes, o sol fica mesmo encostado à nossa pele.

E, então, quando vem a chuva, só apetece andar a pé, sentindo as gotas grossas a ensoparem a roupa e os passeios.

Sentamo-nos num botequim, eu e a Johanna que chegou da Finlândia há cerca de um mês e meio e que tem sido uma óptima companheira de viagens e muita cerveja gelada, pedimos pastéis de camarão e vinho (MUITO!) doce. As conversas duram algumas horas, entre inglês, espanhol e brasileiro lá nos vamos entendendo e partilhando um pouco desta vida.

E, enquanto temos algumas cerejas a puxarem outras, metemos o pé na estrada e vamos caminhando 30 minutos até casa, com a chuva ainda a salpicar os braços, a testa e os pés.

Amanhã, terça-feira, será dia de sinuca com a Thamyrys e os mais que vierem.

Que bons, estes petiscos de final de tarde!

sábado, 21 de novembro de 2009

uma verdade inconveniente

NÃO EXISTEM HOMENS BONITOS EM VOLTA REDONDA


Se os há, estão bem guardados, algures, já a cheirar a mofo, o que também não abona muito a favor deles.

Depois, existem aqueles que ficam sexys de óculos escuros. Quando os tiram, dá-se o efeito «Abrunhosa ao léu» (já alguém conseguiu ver como o Pedro Abrunhosa é liiindo sem óculos? Então, vejam a brochura do álbum Viagens...).

E ainda há aqueles que são bonitos ao longe. Continuam bonitos ao aproximarem-se. Bonitos ainda quando chegam a 1m de distância, mas depois... abrem a boca e FALAM.

Terrível, este deserto. Terrível.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

tous les dimanches

O que seria do jazz se não fosse improvisado?

Ensaiar uma partitura de jazz seria como ensaiar um sorriso espontâneo ou um baque de emoção no coração perante uma paisagem bonita.

Mas como tudo é possível, lá fui assistir a um ensaio de improvisos: uma tuba, dois sax's, um trompete e um trombone, numa adaptação de uma composição escrita, inicialmente, para um trio de cordas e um sax.

O compositor, também artista plástico, escritor, actor, enfim, tudo-em-um (ou, melhor, one man show), queria fazer da abertura da sua exposição um autêntico happening. Mas os músicos disponíveis não foram na conversa. Queriam pautas! Queriam poder estudar tudo minuciosamente! Queriam ensaiar!

O artista em questão, Loran, que é uma pessoa algo virtual para as outras, porque fala meio francês meio português carioca, não teve outra hipótese se não passar dias e dias a escrever as partituras de uma música que ele queria apenas encontrar no meio dos seus quadros e nas ruas da cidade, não necessariamente por essa ordem.

VISÃO DA RUA, Rio-Paris é o nome do seu trabalho este ano. Paris a p&b e soturno, Rio (obviamente) a cores garridas e cheio de curvas balanceando nas ancas das morenas.

O seu traço é rápido e efémero. Em poucas linhas nos dá a conhecer o esboço do movimento das pessoas na rua. É como os seus textos e a sua música. Sempre em movimento. Um jazz calha sempre bem nestas ocasiões...

Felizmente, o improviso não se perde totalmente no ensaio. Surgem anotações, dúvidas, pequenas modificações. Pequenos ajustes que tornaram tudo sincronizado.

O ensaio continua pela noite dentro, falta apenas o cenário dos anos 50...

domingo, 15 de novembro de 2009

por favor, eu queria cancelar... tii tii tii tii


Passado quase um mês em VR, tentando em vão arranjar um chip de telemóvel e internet, lá consegui comprar o último modem móvel da disponível na cidade! Uau! E nem sequer o estavam a vender nas outras lojas, porque «a cidade está lotada, não tem mais espaço na rede». Muito bem. Mas não desisti «facinho» e fiquei com a minha VIVO activada a 250kb/s... melhor que nada.

Dois meses depois, surge a hipótese de ter net por cabo. «Fantástico!», pensei, «só preciso cancelar a VIVO».

Marco o número de atendimento...
- Oi, fala a Gleice. Com quem tô falando?
- Oi, Gleice, o meu nome é Alexandra.
- Tudo bem, Alexandra? Como posso ser útil?
- Eu sou vossa cliente da VIVO 3G e queria cancelar...
- ... tii... tii... tii...

Não posso! Desligaram do outro lado!

Ligo de novo, desta vez é o Wagner.
- Oi, Wagner, eu queria cancelar...
- Alô?! Desculpe... alô?! Não tô escutando direito, por favor, retorne a ligação...
Incrédula. Ar de parva mesmo. Olho fixamente para o telefone na minha mão e comento em voz alta «Não acredito que voltaram a desligar o telefone na minha cara!!»

- Oh, minha querida - diz uma voz vinda lá dos fundos da casa - você que queria? Você falou a palavra CANCELAR logo na primeira frase!

- E eu não posso fazer isso...?

- Não, claro que não! Que é isso, menina!? Primeiro, você faz perguntas sobre outros planos de internet que eles têm e só depois é que pergunta, hipoteticamente, sobre como cancelar.

E não é que é assim mesmo?!?

(sem comentários)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

some me time

8 da noite. 33 graus. Uma lua cheia a pedir POR FAVOR que não fosse para casa.

Tinha acabado de chegar de uma reunião numa associação de moradores da comunidade Ponte Alta. Desta vez, combinei ir dar aulas de danças de salão à «melhor idade», que é como quem diz, carinhosamente, aos velhotes.

O motorista do gabinete da Presidente da Câmara deixou-me à porta de casa (isto de ser exótica por cá tem as suas vantagens!!). Nem peguei na chave para entrar. Subi a rua e fui parar a um bar/restaurante chamado Maestro, que costuma ter música ao vivo. Por azar, hoje a música só vinha da tv.

Mas isso não interessou nada.

Pedi sushi, uma long neck (=355 ml) de Bohemia (sem dúvida, a melhor cerveja brasileira) e retirei o meu caderninho para colocar a minha escrita (quase) em dia. O moço dos amendoins torrados não tardou a aparecer. Caíram muito bem com o chopp seguinte.

Duas horas de um 'me time' delicioso, por 5euros. Poderia muito facilmente habituar-me a isto...!